Uma maratona expositiva

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Sexta-feira 16.06 foi dia de fazer maratona de exposições pelo Rio, sendo que quatro delas na Caixa Cultural (World Press Photo, Quase Pinturas, 2a Bienal Caixa de Novos Artistas e Poesia Agora) e Los Carpinteros no Centro Cultural Banco do Brasil.

Vamos iniciar o relato com a World Press Photo porque foi o motivo por ter decidido ir na Caixa. Apesar de não ver as imagens originais, ou seja impressas e montadas como uma exposição tradicional com molduras e sim por meio de grandes painéis cobertos de uma impressão em adesivo, deu para perceber a grandiosidade das imagens que se tornaram ícones do ano 2016. A sala estava bombando de gente interessada em ver com detalhes as fotos. É uma pena que a duração da amostra seja muito curta, apenas de um mês.

Aqui vai uma das minhas fotos favoritas

 

Aproveitando a visita à Caixa, aproveitamos para ver Quase Pinturas de Fabio Cardoso, trabalho surpreendente do artista, onde sua reclusão em um bairro de São Paulo, o artista pinta os elementos esculturais do entorno, sim os objetos urbanos, transformando-os em uma fotografia no momento que os encaixota em uma caixa de acrílico, trazendo ares de esmaecimento, conforme o curador Agnaldo Farias afirma no texto do folheto da exposição.

A montagem das obras é perfeita e sua interação com o espaço expositivo ainda mais perfeita, no fundo da sala, é possível visualizar duas obras sobre cavalos, permitindo entrar nesse suburbio escuro.

Em seguida, partimos para a 2a Mostra Bienal Caixa de Artistas Novos e cheguei à conclusão que a museografia da exposição era mais notoria do que as próprias obras. Painéis em formato triangular colocados de forma angular, fazendo com que as obras ficassem penduradas. Este tipo de recurso, acredito que tenha sido usado para esconder o tamanho das obras, implicando em tamanhos pequenos, conceito ambiguo para o que a arte contemporânea acaba instigando, quanto maior a obra, mais poderosa ela é.

Entre as obras que posso destacar, encontra-se a do João Paulo Racy com um video instalação sobre a implosão da Ponte Rio-Niterói, Entorno e Marcela Antunes com a obra De quando se cria suas próprias asas e Leonardo Savaris com a fotografia Solidão Urbana 1 e 2.

A última exposição da CAIXA era Poesia Agora, curadoria de Lucas Viriato, conquistou o meu coração, pois a poesia não faz parte do meu tempo agora e foi interessante ler algumas poesias curtas e objetivas, acessível à linguagem do mundo moderno e uma museografia impecável, lúdica e iluminada, selecionados de diversos sites de literatura online. POESIA AGORA

Para fechar a noite, não tínhamos como deixar de rever OBJETOVITAL de Los Carpinteros no Centro Cultural Banco do Brasil, fora a montagem, as obras tem uma força incomum de te fazer pensar sobre a realidade do povo cubano e como isso se reflete no mundo de hoje. O simples fato de Cuba ter sofrido um embargo econômico e ainda mais ser uma ilha, acabou ficando isolada e teve que crescer com a criatividade local.

No saguão do CCBB, encontra-se uma sala de leitura sem livros, ou seja, é uma estante circular sem nenhum livro e  que se for contextualizado, os próprios cubanos tiveram que se adaptar a falta de informação e conhecimento proporcionados pelos livros, mas ao mesmo tempo, eles acabaram criando suas obras literarias.

A carrinho de compras em formato de lixão, faz total sentido, se formos pensar que o governo oferecia mensalmente uma quantidade de itens básicos para se alimentar e dai, pensar que eles procuravam no lixo para complementar sua alimentação.

Ver o trabalho de Los Carpinteros é uma excelente oportunidade para compreender a cultura cubana e a questão política envolvida em todo o discurso expositivo, de forma irônica e lúdica.

Vale ressaltar que minha obra favorita foi EL PUEBLO SE EQUIVOCA, em tradução livre seria algo como “o povo erra” e lembra todos os acontecimentos recentes da América Latina, se formos mencionar: a Venezuela de Chávez e Maduro, o Brasil de Dilma e Temer, a Argentina de Krisner-Macri. É lamentável acreditar nos políticos ainda em pleno Século XXI.