Limites e potencial do espaço expositivo

O que pode dar de errado em uma exposição quando o espaço não é o adequado?

Sexta-feira 28 de julho aconteceu a Ocupação Eixo com a participação de 39 artistas, curadoria de Luiz Badia e organizada pela galeria @eixoarte no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno em Niterói, trouxe a linguagem da vídeo arte e performance em um único dia.

Alguns detalhes precisam ser discutidos neste artigo de forma crítica já que um conjunto de eventualidades como o espaço/ infraestrutura, equipe/curadoria e público podem afetar o desenvolvimento e a experiência de troca entre obra e visitante.

É preciso enfatizar que o artigo busca levantar pontos da área museológica e o design expositivo para encontrar um pensamento crítico sobre a área.

A performace do artista João Marcos Mancha instalada no terraço do espaço obrigou o espectador a contemplar a obra somente de um lado. Acredita-se que para atingir a leitura do trabalho, era necessário alocar a obra em um espaço maior, permitindo assim que o espectador andasse em volta da obra e ter um campo maior de observação. Colocar uma obra em terraço pequeno amputou o diálogo obra/espectador.

Durante a apresentação houveram problemas técnicos no áudio que atrapalharam o desenvolvimento da obra e distraindo o público.

Na penúltima perfomance dos artistas João Pinaud e Gilbert T, mais uma vez a instalação eléctrica do espaço não suportou a carga dos equipamentos, provocando ruido e até ausência sonora, a qual não foi possível resolver pois não existia um responsável técnico para atender a demanda chegando a provocar desconforto nos próprios artistas.

Também teve uma falha de localização desse trabalho pois a perfomance tinha ao fundo uma iluminação específica que não surtiu o efeito desejado por conta da iluminação externa.
Uma exposição, ocupação ou amostra não trata apenas de chamar os artistas para apresentar seus trabalhos. Neste momento, enfatiza-se a importância do Design Expositivo/Museografia como mecanismo para o planejamento adequado da obra dentro do espaço expositivo.
Por outro lado e não menos importante, o comportamento do público diante das performances não foi no seu estado contemplativo/introspectivo. Aqui não se trata de um show e sim de uma experiência sensorial que precisava de uma conexão com o público.
Na dissertação de Beatriz Morgado (2017) CURADORIA DE EXPERIÊNCIAS: estratégias para exibição de obras participativas em exposições de arte contemporânea (parte 2: Hélio Oiticica) entende-se que:

“a obra continua a se completar e transformar pela relação com o “fora”, ou seja, em contato com os visitantes, consideramos que o local onde este atrito ocorre sejam as exposições. Nos interessa perceber como a experiência dos espectadores pode trazer novidades à exposição. Infelizmente, a maioria das mostras de arte ainda são associadas a um produto acabado.”
O que foi visto na apresentação foi o esforço dos artistas em que funcionasse a ocupação. Mas isto não é uma característica exclusiva do CCPCM e sim da maioria dos espaços que apenas cedem o espaço e não mergulham dentro do projeto expositivo e nem ajudam financeiramente.

Como teria sido evitado esse caos: maior tempo entre a desmontagem da exposição anterior (foi desmontada um dia antes) e a montagem da ocupação. Testes de funcionamento de todos os equipamentos para verificar a carga máxima de energia e por último e menos importante, investimento em manutenção e readequação da infraestrutura e uma equipe técnica de plantão.
Então, fica aqui uma pergunta: o que é mais importante a arquitetura do espaço ou sua funcionalidade?

A pesquisadora Sonia Salcedo traz esse questionamento ao colocar em pauta que a própria curadoria de exposições de arte também podem ser usadas como uma forma de arte.
Abro aqui este canal para discutir melhorias factíveis para essa importante vitrine de artistas fluminenses pois não se trata de estar aberto para receber trabalhos artísticos mas dar um suporte profissional a esses artistas contando com um espaço convidativo e funcional onde suas obras possam criar uma interação eficiente e eficaz entre a obra e o público.