CANSEI!

Sábado foi dia de trabalhar no Orange County History Center e sai de lá cansada mas feliz da vida! Foi uma correria de um dia mas que valeu a pena. Fazia quase um mês que não ia no museu por conta das novas políticas diante do COVID-19, muitas atividades internas foram canceladas. Todos os trabalhadores e voluntários precisam ter tomado a vacina.

Flyer do Evento Smithnorian Museum Day

Uma vez por mês o museu é gratuito para os visitantes e sempre tem algumas atividades direcionadas para uma efemeridade. Ontem foi a vez da celebração da cultura hispânica e contou com uma exposição de nove artistas latino-americanos. As obras expostas estavam à venda. Na verdade no meu ponto de ver era mais uma feira de artistas que uma exposição em si, pois cada um tinha seu stand e não teve um design expositivo. Cada artista trouxe sua própria estrutura para expor os quadros. Eles foram divididos entre os três andares da instituição.

Num dos andares do prédio, a iluminação das obras de um dos artistas se viu afetada, mas rapidamente a diretora se prontificou para afinar a luz. Tive a oportunidade de ajudá-la nesse momento e perceber a dinâmica objetiva e rápida para acertar este detalhe. Duas coisas me chamaram a atenção, a primeira é que a própria diretora do museu fez esse trabalho que geralmente é feito por técnicos. Mas, lembrando bem, ela era a curadora responsável no ano passado e hoje atua como diretora. A segunda coisa que ela me disse é que a luz é a última coisa que é feita numa exposição pois é a que dará caráter as obras. Super concordo nesse aspecto, mas a montagem expositiva não se trata somente de escolher os artistas, mas pensar em cada detalhe do espaço que permita a obra se comunicar com o público.

Exemplo de como falta de iluminação pode afetar a exposição.

Outro aspecto que observei foi como funciona o recebimento de propostas externas. Neste sentido, a instituição cede o espaço e a equipe, entretanto, o artista deve encaminhar com antecedência o inventário das obras e seus respectivos valores, pois quem se encarrega de receber o pagamento pelas obras é a instituição museológica, sendo que ela fica com uma porcentagem e ainda o visitante paga o imposto local.

Trago esse tema porque gostaria de ilustrar como funciona o modelo de negócio da instituição museológica norte-americana.

Mas, o mais legal do meu dia foi ter compartilhado com os artistas e mediar entre eles e a instituição para que o evento fosse um sucesso. Ontem foi uma correria, montando e desmontando mesas, abrindo e fechando o dique para entrada e saída das obras, transportando obras, atendendo os artistas e principalmente conversando com eles sobre cada processo criativo.

Deixo aqui um registro dos artistas participantes da exposição: Alberto Quintero, Cristian Ramos, Alberto Gómez, Patricia Cavazos, J.J. González Acosta, Geraldo de Simone, Wendy Escobar, Yaneth Monsalve produzida por Beatriz Andrekovich de CABETCAL.

PANORAMA DA MUSEOLOGIA E COVID19

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Exposição Papel é Pardo do artista Maxwell │ Museu de Arte do Rio │ Foto: arquivo pessoal

No 20 de maio de 2020, realizei uma transmissão ao vivo pelo Instagram Visita Guiada, uma plataforma voltada para as exposições de arte em museus e galerias no circuito do Rio de Janeiro em conjunto com Luna Clara, Bacharel em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e atualmente trabalha com o acervo da Caixa Cultural, com a finalidade de trazer um panorama sobre os desafios museológicos diante da pandemia, recopilar dados e noticias sobre a conjuntura dos museus neste periodo e levantar questionamentos importantes que precisam ser respondidos.

Para começar é primordial entender dois conceitos da área museológica para logo aprodundar o tema. O primeiro é a definição sobre o conceito de Museologia e o segundo é a definição do Museu.

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Limites e potencial do espaço expositivo

O que pode dar de errado em uma exposição quando o espaço não é o adequado?

Sexta-feira 28 de julho aconteceu a Ocupação Eixo com a participação de 39 artistas, curadoria de Luiz Badia e organizada pela galeria @eixoarte no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno em Niterói, trouxe a linguagem da vídeo arte e performance em um único dia.

Alguns detalhes precisam ser discutidos neste artigo de forma crítica já que um conjunto de eventualidades como o espaço/ infraestrutura, equipe/curadoria e público podem afetar o desenvolvimento e a experiência de troca entre obra e visitante.

É preciso enfatizar que o artigo busca levantar pontos da área museológica e o design expositivo para encontrar um pensamento crítico sobre a área.

A performace do artista João Marcos Mancha instalada no terraço do espaço obrigou o espectador a contemplar a obra somente de um lado. Acredita-se que para atingir a leitura do trabalho, era necessário alocar a obra em um espaço maior, permitindo assim que o espectador andasse em volta da obra e ter um campo maior de observação. Colocar uma obra em terraço pequeno amputou o diálogo obra/espectador.

Durante a apresentação houveram problemas técnicos no áudio que atrapalharam o desenvolvimento da obra e distraindo o público.

Na penúltima perfomance dos artistas João Pinaud e Gilbert T, mais uma vez a instalação eléctrica do espaço não suportou a carga dos equipamentos, provocando ruido e até ausência sonora, a qual não foi possível resolver pois não existia um responsável técnico para atender a demanda chegando a provocar desconforto nos próprios artistas.

Também teve uma falha de localização desse trabalho pois a perfomance tinha ao fundo uma iluminação específica que não surtiu o efeito desejado por conta da iluminação externa.
Uma exposição, ocupação ou amostra não trata apenas de chamar os artistas para apresentar seus trabalhos. Neste momento, enfatiza-se a importância do Design Expositivo/Museografia como mecanismo para o planejamento adequado da obra dentro do espaço expositivo.
Por outro lado e não menos importante, o comportamento do público diante das performances não foi no seu estado contemplativo/introspectivo. Aqui não se trata de um show e sim de uma experiência sensorial que precisava de uma conexão com o público.
Na dissertação de Beatriz Morgado (2017) CURADORIA DE EXPERIÊNCIAS: estratégias para exibição de obras participativas em exposições de arte contemporânea (parte 2: Hélio Oiticica) entende-se que:

“a obra continua a se completar e transformar pela relação com o “fora”, ou seja, em contato com os visitantes, consideramos que o local onde este atrito ocorre sejam as exposições. Nos interessa perceber como a experiência dos espectadores pode trazer novidades à exposição. Infelizmente, a maioria das mostras de arte ainda são associadas a um produto acabado.”
O que foi visto na apresentação foi o esforço dos artistas em que funcionasse a ocupação. Mas isto não é uma característica exclusiva do CCPCM e sim da maioria dos espaços que apenas cedem o espaço e não mergulham dentro do projeto expositivo e nem ajudam financeiramente.

Como teria sido evitado esse caos: maior tempo entre a desmontagem da exposição anterior (foi desmontada um dia antes) e a montagem da ocupação. Testes de funcionamento de todos os equipamentos para verificar a carga máxima de energia e por último e menos importante, investimento em manutenção e readequação da infraestrutura e uma equipe técnica de plantão.
Então, fica aqui uma pergunta: o que é mais importante a arquitetura do espaço ou sua funcionalidade?

A pesquisadora Sonia Salcedo traz esse questionamento ao colocar em pauta que a própria curadoria de exposições de arte também podem ser usadas como uma forma de arte.
Abro aqui este canal para discutir melhorias factíveis para essa importante vitrine de artistas fluminenses pois não se trata de estar aberto para receber trabalhos artísticos mas dar um suporte profissional a esses artistas contando com um espaço convidativo e funcional onde suas obras possam criar uma interação eficiente e eficaz entre a obra e o público.

Vamos falar do livro A Garota da Banda de Kim Gordon

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Recentemente comprei o kindle e em poucas semanas já tinha lido alguns livros, entre eles A Garota da Banda, uma autobiografia da Kim Gordon, a baixista/guitarrista/vocalista do Sonic Youth e hoje vou falar minha impressão sobre ele.

Confesso que fiquei encantada com o conteúdo do livro porque há tempos a seguia pelo Instagram porque tinha descoberto que tinha se formado em Artes Visuais na década de 1970 e agora estava apresentando seus trabalhos artísticos pelas redes. Apesar de sempre ter gostado de música e ter iniciado o mesmo trajeto que ela fazendo uma faculdade, – a minha foi em Museologia e logo entrar para uma banda e começar a viver a vida. Nossa diferença é que ela era uma garota californiana que se mudou para New York quando se formou, teve sua primeira banda, trabalhou em galerias sem saber muito bem o que estava fazendo, segundo a própria, mas isso não foi um problema, escreveu muitos artigos sobre arte, principalmente, para o Artforum. Conheceu e foi amiga de vários artistas contemporâneos da época, como Cindy Sherman, a minha favorita Jenny Holzer, que trabalhava com projeções de frases, Barbara Kruger, Gordon Matta-Clark, Philip Glass, Richard Kern e de gente da área de cinema e moda, como Spike Lee e Sofia Coppola. Continue reading

O MAR traz uma seleção de fotografias de seu acervo na mostra Feito Poeira ao Vento

O Visita Guiada foi prestigiar a exposição Feito Poeira ao Vento composta por uma “significativa coleção de fotografias brasileiras” do acervo do Museu de Arte do Rio, desde o século XIX até os dias atuais, sob a curadoria de Evandro Salles, diretor cultural da instituição, para mostrar o percurso da fotografia como elemento de comunicação, documental até a sua inserção no campo da arte. Continue reading

Recorte da fotografia russa na exposição “A União Soviética através da câmera”

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No Paço Imperial está acontecendo a exposição “União Soviética através da câmera” com 200 fotografias dos russos Vladimir Lagrange, Leonid Lazarev, Vladimir Bogdanov, Yuri Krivonossov, Victor Akhlomov e do lituanês Antanas Sutkus, sob a curadoria de Luis Augusto Carvalho e Maria Vragova, em parceria com o Museu Oscar Niemeyer e o Paço Imperial. Continue reading